A operação para capturar os responsáveis pelo assassinato do soldado da Rota, Patrick Bastos Reis, na Baixada Santista, já é considerada a mais letal ação realizada no estado de São Paulo desde 2006. Até a noite da última terça-feira (1), pelo menos 16 suspeitos foram mortos na região. Saiba a seguir o que explica o aumento de facções e crimes na baixa santista.
O avanço do crime na Baixa Santista
Com base na operação policial realizada pela polícia civil na Baixada Santista, o professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, comparou, em entrevista ao g1, o avanço das facções na região paulistana, à situação observada no Rio de Janeiro.
Segundo Rafael, um dos aspectos é a geografia litorânea, com morros ocupados por comunidades controladas pelo crime, o que cria um ambiente propício para a atuação dos grupos criminosos. Outro ponto notável é a presença da polícia, que é enfrentada com violência, algo que não é comum em regiões fora da capital. Essa hostilidade mostra a ousadia e a audácia dos criminosos locais.
“Uma grande diferença é que, aqui, você não tem várias facções disputando o território. Há uma única facção dominante, e a presença de milícias não é tão significativa como ocorre no Rio de Janeiro”, avalia Alcadipani.
O professor destaca ainda que a Baixada Santista é de extrema importância para o crime organizado. O fator central é a localização do maior porto da América Latina, o Porto de Santos, que desempenha um papel fundamental na logística do tráfico de drogas. Por meio dele, uma grande quantidade de cocaína é exportada da América do Sul para diversos destinos, incluindo a Europa, África e a Oceania.
É essencial ressaltar que a presença do crime organizado e a escalada da violência na Baixada Santista são desafios significativos para as autoridades responsáveis pela segurança pública em São Paulo. A região enfrenta problemas complexos, que envolvem o tráfico internacional de drogas, o controle territorial por facções criminosas e a resistência armada contra as forças policiais.
Segundo o professor, as medidas para combater essa situação exigem um plano estratégico abrangente, que envolva o fortalecimento da segurança pública, ações de inteligência, parcerias com outros órgãos governamentais e a implementação de políticas sociais voltadas para a prevenção da criminalidade e a reinserção de indivíduos em situação de vulnerabilidade.
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Operação mais letal da história
A operação Escudo da Polícia Militar (PM) para localizar e prender os assassinos do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota, resultou em um total de 16 mortes, segundo últimas informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (2).
Segundo pesquisas do g1, a operação da Polícia Militar é a mais letal no estado de São Paulo desde os de 2006, quando as forças de segurança trocaram tiros com criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e mataram ao menos 108 pessoas, de acordo com a Defensoria Pública. A ação deste ano ultrapassou a “operação Castelinho”, que em 2002, deixou 12 mortos.
A Operação Escudo teve início em 28 de julho e tem previsão de continuidade até 28 de agosto. Durante o período, 32 suspeitos foram presos, incluindo Erickson David da Silva, apontado pelas autoridades como autor do disparo que matou o soldado da Rota. A defesa do homem negou que ele tenha cometido o crime.
O secretário da Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que quatro suspeitos da morte do policial já foram identificados, e dois já estão presos. O secretário informou ainda, que mais de 20 quilos de drogas foram encontrados, e 11 armas foram apreendidas.
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