Promulgado pelo Ministério da Igualdade Racial, governo federal lança programa de bolsas de doutorado e pós-doutorado no exterior destinado exclusivamente a mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas. Com o nome Programa Atlânticas a iniciativa terá um investimento de aproximadamente R$ 8 milhões. Leia mais detalhes sobre o programa logo abaixo.
Bolsas de Doutorado para Mulheres
“A história do Brasil foi escrita por mãos brancas. Tanto o negro, quanto índio não têm sua história escrita, ainda. Isso é um problema muito sério porque a gente frequenta universidade, frequenta escola e não temos uma visão correta do passado do negro”, essa fala, da historiadora negra Beatriz Nascimento, deu início, no dia 20 de junho, ao lançamento do Atlânticas: Programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência.
O programa, liderado pelo Ministério da Igualdade Racial, vai oferecer bolsas de estudo de doutorado ‘sanduíche’ (feito parte no Brasil e parte no exterior) e pós-doutorado no exterior para mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas “regularmente matriculadas em curso de doutorado reconhecido pela Capes”. Serão ofertadas 45 bolsas a um custo de R$ 8 milhões.
Durante o anúncio, a secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo, Márcia Lima, afirmou que o programa Atlânticas foi criado para “aumentar a inserção e permanência de mulheres cientistas cujas características raciais e éticas contribuem para a sua visibilidade intelectual e falta de oportunidades”.
Segundo dados apresentados pela pasta, apenas 4,9% das bolsas de doutorado sanduíche são de mulheres negras, enquanto as mulheres brancas têm 30,9% das bolsas custeadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq).
Não há nenhuma indígena com bolsa do CNPq para doutorados sanduíches. Já em relação aos pós-doutorados no exterior, as mulheres negras são 12,6% das bolsistas e as mulheres brancas 37,7%. Também não há mulheres indígenas com bolsa do CNPq em pós-doutorado no estrangeiro.
“Esperamos que o Atlânticas incentive cada vez mais mulheres a buscarem a carreira científica, especialmente aquelas que foram historicamente excluídas desses espaços”, disse Ana Venturine, diretora de Ações Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial.
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Os requisitos
Dentre os requisitos estipulados para se candidatar a uma das 45 bolsas é de que todas precisam estar matriculadas em algum curso de doutorado reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes). O programa permite que o doutorado seja feito em parte no Brasil e outra no exterior, chamado de modalidade sanduíche.
Segundo o Ministérios da Igualdade Racial, cerca de 5% das bolsas desse tipo são destinadas às mulheres negras, enquanto outra grande parcela, 30%, às mulheres brancas. No caso do do pós-doutorado no exterior, 12% de bolsistas negras contra 38% brancas, não havendo nenhuma mulher que se identifica como indígena.
Doutorado para mulheres é avanço social
O novo programa para Doutorado destinado às mulheres é um grande marco na história do Brasil. A A secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo, Márcia Lima, acrescentou que o programa deveria aumentar a permanência de mulheres cientistas, o que contribuiria para sua visibilidade intelectual. A secretária também estava no dia de apresentação do programa.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco também afirmou que “a diversidade proporciona excelência e inovação”, abordando que novas experiências podem enriquecer o mercado brasileiro.
Caminhos Amefricanos
O Ministério da Igualdade Racial anunciou o lançamento, no dia 31 de julho, do Caminhos Amefricanos – Programa de Intercâmbio Sul-Sul. A iniciativa visa estimular o intercâmbio de curta duração no exterior em países africanos, latino-americanos e caribenhos.
Ainda na área de educação, a pasta informou que vai assinar um protocolo de intenções com a Universidade de Brasília (UnB) para oferecer bolsas de mestrado para sete estudantes no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais da UnB.
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*Com dados da Agência Brasil