Os efeitos do fenômeno climático vindo do norte da Argentina e Paraguai continuam causando estragos desde que o ciclone extratropical chegou a região sul do Brasil, na quarta-feira (12). Com ventos que ultrapassaram os 100 km/h, a tempestade derrubou árvores e deixou milhares sem luz. Também houve registro de alagamento em várias cidades, além de 4 mortes.
Ciclone causou mortes e prejuízos no sul
A passagem de um ciclone extratropical pelo sul e sudeste do país tem causado medo e dor de cabeça não apenas aos moradores das cidades atingidas pela tempestade, como em autoridades municipais que mal conseguem contabilizar os prejuízos já causados. Os ventos fortíssimos derrubaram árvores e deixaram milhares sem luz, além de alagamentos em várias cidades gaúchas.
As rajadas de vento chegaram a 140 km/h e provocaram estragos em mais de 50 cidades do Rio Grande do Sul. O município de Sede Nova, no noroeste do estado, foi o mais atingido. Em Rio Grande, um idoso morreu ao ter sua casa atingida por uma árvore; a mesma fatalidade ocorreu na cidade de Brusque, em Santa Catarina. Também houve registro de alagamentos em São Sebastião do Caí, onde o nível do rio subiu e invadiu ruas.
O ciclone também provocou estragos no litoral norte do Rio Grande do Sul, e a preocupação agora é com as enchentes e a ressaca do mar. Segundo a prefeitura da cidade de Cidreira, já está sendo feito um monitoramento das pessoas que moram na beira da orla para tirá-las das áreas de risco. Em todo o estado, cerca de 600 pessoas tiveram que sair de casa. A estimativa da Defesa Civil é de que mais de 17 mil foram afetadas pelo mau tempo.
Em Tramandaí, a tradicional Festa do Peixe precisou ser suspensa por causa dos estragos no centro de eventos. O vento arrancou lonas e estruturas de ferro. Ao menos 15 rodovias do estado tiveram algum tipo de bloqueio – por deslizamento de terra, queda de árvores ou transbordamento de rios.
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Em Santa Catarina, temporal fechou aeroportos
Na BR-101, em Garuva, no norte catarinense, um caminhão quase foi levado pela força do vento. Ventos fortes também atingiram outras regiões do estado, como Siderópolis, que teve as rajadas mais fortes, chegando a 157 km/h.
No litoral sul, a Lagoa do Imaruí, conhecida pelas águas calmas, ficou agitada por conta dos fortíssimos ventos, chegando a causar alagamentos na calçada e na principal avenida do centro histórico de Laguna. Pescadores da região tiveram que usar cordas para reforçar a ancoragem das embarcações.
Em Imbituba, o telhado de um supermercado desabou, mas ninguém se feriu. O mesmo aconteceu com o telhado de uma casa em Itapema, que foi completamente arrancado.
No Aeroporto de Navegantes, a escada de embarque e desembarque do avião virou com a força do vento. O canal de acesso aos portos de Itajaí e Navegantes segue fechado por tempo indeterminado. Já o Aeroporto de Florianópolis voltou a operar, após 24h de interdição. Funcionários da companhia aérea retiraram o avião que derrapou na pista na última quarta-feira (12).
Também na quarta-feira (13), em Chapecó, o vento quase desequilibrou um motociclista. O carro que estava atrás foi atingido por uma placa. A cena foi filmada por uma pedestre que se abrigava em um posto de gasolina e o vídeo viralizou nas redes sociais.
No Paraná, rajadas de vento passam dos 90 km/h
No Paraná, as rajadas de vento passaram de 90 km/h. A ventania provocou queda de árvores e derrubou postes em dezenas de cidades. Desta quarta-feira (12) para esta quinta-feira (13), 700 mil pessoas ficaram sem luz, em algum momento.
Por segurança, o Porto de Paranaguá chegou a suspender as operações. Um trem turístico com quase mil passageiros está preso na Serra do Mar por conta da obstrução dos trilhos.
A chuva dos últimos dias aumentou a vazão nas Cataratas do Iguaçu, que na última quinta-feira (13) atingiu 90 milhões de litros de água por segundo – seis vezes mais do que a média.
Mortes e temperatura congelante no sudeste
Os ventos provocados pelo ciclone também mataram duas pessoas no estado de São Paulo. Em São José dos Campos, uma árvore atingiu um carro de autoescola. A estudante que estava no banco do motorista foi atingida e morreu. A outra morte ocorreu na cidade de Itanhaém, na Baixada Santista, onde uma idosa perdeu a vida ao encostar em um cabo de energia, que foi derrubado pela força do vento.
O vendaval fechou o Porto de Santos por quase seis horas e arrancou placas de alumínio do alto de um prédio na capital paulista. No Aeroporto do Congonhas, seis aviões tiveram que arremeter (quando há desistência da aterrissagem já próximo à pista de pouso).
Na subida da serra de Petrópolis, no Rio de Janeiro, a queda de árvores interditou a rodovia. No sul de Mato Grosso do Sul, as temperaturas despencaram. Em alguns lugares, a sensação térmica ficou perto dos 6ºC.
Ciclone deve se dissipar no sábado
Nesta sexta-feira (14), o ciclone vai se afastando lentamente pelo mar, mas ainda causa rajadas de vento intensas de 60 a 90 km/h durante a madrugada e período da manhã, no litoral do RS, de SC e do RJ e rajadas de 50 a 80 km/h no litoral do PR e de SP.
Ao longo do sábado o ciclone se afasta da costa e o vento diminui em todas as regiões.
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